
sexta-feira, setembro 09, 2005Considerações não muito consideradas“Aquilo que só serve para ‘tornar a vida mais fácil (só é necessário apertar um botão)’ em geral é supérfluo. Na casa inteligente, a cozinha computadorizada oferece uma base de dados de receitas de todo o mundo. Isso é provavelmente um logro. Um terminal de computador na cozinha é realmente necessário? O serviço requer assinatura? Com que freqüência seria usado? É desejável ter informações sobre a vida quotidiana (neste caso, cozinhar) percorrendo a rede eletrônica? Não seria mais eficiente comprar uns livros de receitas? Esta última pergunta é muito reveladora. Quando a tecnologia tenta tomar o lugar de algo não obsoleto, pode-se ter quase certeza de que está em operação uma estratégia de dependência. Além disso, continue a usar qualquer tecnologia que frustre as táticas de vigilância da economia política. (Neste caso, é tão simples quanto apoiar a tecnologia dos livros.) Evite usar qualquer tecnologia que seja essencial. Por exemplo, tente não usar cartões de crédito. Um registro eletrônico das compras de um consumidor é um dado muito precioso para as instituições da economia política. Não deixe que essas instituições o tenham.” Critical Art Ensemble (CAE) – grupos de ativistas radicais, em Distúrbio Eletrônico ... Nunca gostei de coisas multifuncionais. O que hoje em dia é visto com suspeita, afinal o predominante é o “quanto mais melhor”. Exemplo: Comprei um celular há um mês. Como sempre falo muito antes de fazer as coisas, muitos amigos sabiam que eu ia comprar um novo aparelho e vinham me contar novidades. E eu: Entendam uma coisa eu quero um celular que faça ligações e mande mensagens. Só isto. E não vou gastar mais de 100,00 nesta aquisição. Dito e feito. Estou feliz e contente, consigo me comunicar e não precisei parcelar a bagaça. ... Pra mim um multifuncional é algo que se propõe a fazer muitas coisas e não faz nenhuma delas bem feito, como este post desconexo. Sem falar no entusiasmo passageiro do consumidor ao se deparar com as multiqualidadews do produto. O mesmo consumidor que locou 2 fitas por dia quando comprou o vídeo cassete, que aprendeu a programá-lo e que resolveu ir na sorveteria bem na hora da novela, não por vontade de tomar sorvete, mas pra testar sua habilidade em programar a geringonça de 4 cabeças. Aí passou alguns meses e o vídeo virou um ótimo relógio pra sala. Ainda bem que tinha relógio, né? Exemplo ultrapassado? É só transferir a empolgação pro celular que tira foto, baixa mp3, clipes, etc etc... com o agravante que o vídeo cassete ao menos oferecia qualidade pros padrões da época, porque ninguém merece baixar imagem dos Incríveis e ver num monitorzinho, né? Tem também a impressora que é ao mesmo tempo scanner e xerox. Que maravilha, né? Òtimo custo benefício. Pifou um dos 3, ferrou tudo. ... Ah, lembrei de outra rabugentice minha. O que fazem com nossas crianças. O tênis pisca quando elas andam. Ótimo para a postura, né? A criança anda curvada para poder ver seu calcanhar. E a mãe esbraveja. Deprimente. Tem também as bobeiras pra gente grande. Mas aqui as referências são mais cult ou kitche. E graças aos surrealistas e dadaístas, podemos ter uma chaleira em forma de vaca (putz, num consegui não citar animais... merda!) que deve ser bem legal de lavar... Talvez não seja muito prática também, um pouco desajeitada sim, mas fofíssima. ... Bom, mas pra não parecer que eu estou de mal com o mundo da tesnologia, o que seria uma inverdade... Eu, a viciadinha em internet, estou quase contagiando minha mãe: Ela se empolgou com a história. Além de fazer muitas perguntas sobre o orkut e o msn, descobriu os sites de receitas. (qualquer semelhança co ma geladeira com computador de bordo é mera coincidência*) Exemplo 1: “Ah, hoje eu fui no bingo e fulana me falou de um bolo feito com farinha de milho. Diz que fica igual ao bolo feito com milho mesmo. Uma delícia. Vocês podiam procurar na internet pra mim, né?” Exemplo 2: Eu e a minha irmã procurando bicos de crochê pra ela, nos sites da Círculo e da Corrente. Depois de ver muitos, ela escolheu uns que queria. Imprimir. OK. “Nossa, já tirou! Que maravilha. Vou querer aprender a mexer nisto.” Receitas impressas e arquivadas nos seus antigos lugares: coladas no caderno de receitas e guardadas no meio das revistas de crochê. ... Um amigo meu me disse uma vez: Tenho medo de tudo informatizado. Duvido que os computadores vão parar de dar pau, e aí imagina com tudo condicionado a eles... Que venha o caos organizador. ... * Lembram quando a novela trazia um esclarecimento sobre os personagens no final? Será que enfim o povo não se confundi mais, ou agora as comparações estão liberadas? Kathia 12:58 AM
Fale vc tbém:
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